EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO
Erosão no flanco lagunar no cordão litorâneo do Estado do Rio de Janeiro.
Do Cabo Frio à Ilha da Marambaia a orla é formada por cordões litorâneos transgressivos, estreitos, em fase de instabilização, separados por promontórios rochosos e pela interrupção pela desembocadura da Baía de Guanabara.
Compartimento Baía de Sepetiba.
A erosão nas margens de lagoas costeiras no cordão litorâneo do Estado do Rio de Janeiro é um problema complexo, influenciado por fatores naturais e, principalmente, pela ação humana. Essa erosão afeta diretamente a estabilidade dos ecossistemas lagunares e a infraestrutura urbana próxima, gerando impactos ambientais e socioeconômicos significativos.
Causas da Erosão
As principais causas da erosão no flanco lagunar podem ser divididas em:
-
Processos Naturais:
- Variações do nível da água: Flutuações naturais ou induzidas pelo clima no nível das lagoas podem levar à submersão e posterior ressecamento das margens, tornando-as mais vulneráveis à erosão.
- Ação das ondas e correntes: Mesmo em ambientes lagunares mais calmos, a ação contínua de pequenas ondas e correntes pode erodir as margens, especialmente aquelas com solos mais friáveis.
- Eventos extremos: Chuvas intensas, tempestades e ressacas (especialmente em áreas com comunicação direta ou indireta com o mar) podem gerar volumes de água e energia que causam erosão acelerada.
- Disponibilidade de sedimentos: A diminuição do aporte natural de sedimentos para as margens lagunares, muitas vezes devido à intervenção humana em rios e bacias de drenagem, pode agravar a erosão.
- Variações do nível do mar: A elevação do nível do mar, um fenômeno global, pode impactar as lagoas costeiras, aumentando a inundação e a erosão das margens.
- Variações do nível da água: Flutuações naturais ou induzidas pelo clima no nível das lagoas podem levar à submersão e posterior ressecamento das margens, tornando-as mais vulneráveis à erosão.
-
Impactos Antrópicos (Humanos):
- Ocupação e urbanização desordenada: A construção de moradias e infraestruturas muito próximas às margens das lagoas, sem planejamento adequado, remove a vegetação natural que protege o solo e impede a migração natural da linha de costa.
- Desmatamento da vegetação de restinga e manguezais: A remoção dessas formações vegetais, que atuam como barreiras naturais e estabilizam o solo, expõe as margens à ação erosiva.
- Aterro de margens: Aterros para construção ou expansão de áreas urbanas reduzem o espaço natural das lagoas e alteram sua dinâmica hidrodinâmica, podendo intensificar a erosão em outras áreas.
- Lançamento de efluentes: A descarga de esgoto doméstico e industrial, além de contaminar as lagoas, pode afetar a saúde dos ecossistemas marginais, tornando-os mais vulneráveis à erosão.
- Abertura artificial de barras: A abertura controlada ou descontrolada de canais de comunicação entre as lagoas e o mar pode alterar o regime hidrodinâmico, intensificando correntes e a erosão em pontos específicos.
- Drenagem e dragagem: A alteração dos cursos d'água afluentes ou a dragagem de sedimentos no leito das lagoas pode desequilibrar o balanço sedimentar e intensificar a erosão das margens.
Impactos da Erosão
A erosão nas margens lagunares do Rio de Janeiro gera diversos impactos:
-
Ambientais:
- Perda de habitat: A destruição das margens afeta a flora e fauna local, incluindo espécies aquáticas e terrestres dependentes desses ecossistemas.
- Aumento da turbidez da água: A erosão mobiliza sedimentos, o que pode levar ao assoreamento da lagoa e à diminuição da penetração de luz, prejudicando a vida aquática.
- Alteração da qualidade da água: A erosão pode liberar nutrientes e poluentes presentes no solo das margens, contribuindo para a eutrofização e a proliferação de algas nocivas.
- Perda de áreas de lazer e turismo: A degradação das margens diminui o potencial recreativo e turístico das lagoas.
- Perda de habitat: A destruição das margens afeta a flora e fauna local, incluindo espécies aquáticas e terrestres dependentes desses ecossistemas.
-
Socioeconômicos:
- Danos à infraestrutura: A erosão ameaça construções, estradas e outras estruturas localizadas nas proximidades das lagoas, gerando prejuízos econômicos.
- Desvalorização imobiliária: Áreas costeiras afetadas pela erosão podem ter seus imóveis desvalorizados.
- Impacto na pesca e subsistência: A degradação do ambiente lagunar pode afetar a pesca e outras atividades econômicas ligadas à lagoa, prejudicando comunidades locais.
Medidas de Controle e Prevenção
Para mitigar a erosão no flanco lagunar, são necessárias ações integradas e um planejamento adequado, incluindo:
- Zoneamento e planejamento urbano: Implementar faixas de não edificação (setback lines) e regulamentar a ocupação das áreas costeiras, evitando construções muito próximas às margens das lagoas.
- Recuperação e revegetação de margens: Plantar espécies nativas de restinga e manguezal para estabilizar o solo e restaurar a proteção natural contra a erosão.
- Controle de efluentes: Melhorar o saneamento básico e o tratamento de esgoto para reduzir a descarga de poluentes nas lagoas.
- Manejo de bacias hidrográficas: Implementar práticas de conservação do solo e da água nas bacias de drenagem dos rios que alimentam as lagoas, reduzindo o aporte de sedimentos e poluentes.
- Monitoramento contínuo: Realizar estudos e monitoramento da linha de costa e dos processos erosivos para subsidiar a tomada de decisões e avaliar a eficácia das medidas implementadas.
- Obras de engenharia costeira (quando estritamente necessárias): Em casos específicos, obras como muros de contenção ou aterros podem ser consideradas, mas devem ser avaliadas criteriosamente devido aos seus potenciais impactos ambientais e custos.
A preferência é por soluções baseadas na natureza. - Educação ambiental: Conscientizar a população sobre a importância da conservação das lagoas e os impactos da erosão.
A gestão integrada da zona costeira, envolvendo diferentes setores da sociedade e níveis de governo, é fundamental para enfrentar o desafio da erosão nas lagoas costeiras do Rio de Janeiro.