VISITAS GLOBAL TODO PERIODO

COMITÊ DAS BACIAS AÉREA E HIDROGRÁFICA DO RIO DE JANEIRO.

DIREITO DE TODOS.

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações.”

CF 88 Art. 225

segunda-feira, 26 de maio de 2025

EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO - RESTINGA DA MARAMBAIA.

 EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO

Erosão no flanco lagunar no cordão litorâneo do Estado do Rio de Janeiro.

Do Cabo Frio à Ilha da Marambaia a orla é formada por cordões litorâneos transgressivos, estreitos, em fase de instabilização, separados por promontórios rochosos e pela interrupção pela desembocadura da Baía de Guanabara.

Compartimento Baía de Sepetiba.

A erosão nas margens de lagoas costeiras no cordão litorâneo do Estado do Rio de Janeiro é um problema complexo, influenciado por fatores naturais e, principalmente, pela ação humana. Essa erosão afeta diretamente a estabilidade dos ecossistemas lagunares e a infraestrutura urbana próxima, gerando impactos ambientais e socioeconômicos significativos.



Causas da Erosão

As principais causas da erosão no flanco lagunar podem ser divididas em:

  • Processos Naturais:

    • Variações do nível da água: Flutuações naturais ou induzidas pelo clima no nível das lagoas podem levar à submersão e posterior ressecamento das margens, tornando-as mais vulneráveis à erosão.
    • Ação das ondas e correntes: Mesmo em ambientes lagunares mais calmos, a ação contínua de pequenas ondas e correntes pode erodir as margens, especialmente aquelas com solos mais friáveis.
    • Eventos extremos: Chuvas intensas, tempestades e ressacas (especialmente em áreas com comunicação direta ou indireta com o mar) podem gerar volumes de água e energia que causam erosão acelerada.
    • Disponibilidade de sedimentos: A diminuição do aporte natural de sedimentos para as margens lagunares, muitas vezes devido à intervenção humana em rios e bacias de drenagem, pode agravar a erosão.
    • Variações do nível do mar: A elevação do nível do mar, um fenômeno global, pode impactar as lagoas costeiras, aumentando a inundação e a erosão das margens.
  • Impactos Antrópicos (Humanos):

    • Ocupação e urbanização desordenada: A construção de moradias e infraestruturas muito próximas às margens das lagoas, sem planejamento adequado, remove a vegetação natural que protege o solo e impede a migração natural da linha de costa.
    • Desmatamento da vegetação de restinga e manguezais: A remoção dessas formações vegetais, que atuam como barreiras naturais e estabilizam o solo, expõe as margens à ação erosiva.
    • Aterro de margens: Aterros para construção ou expansão de áreas urbanas reduzem o espaço natural das lagoas e alteram sua dinâmica hidrodinâmica, podendo intensificar a erosão em outras áreas.
    • Lançamento de efluentes: A descarga de esgoto doméstico e industrial, além de contaminar as lagoas, pode afetar a saúde dos ecossistemas marginais, tornando-os mais vulneráveis à erosão.
    • Abertura artificial de barras: A abertura controlada ou descontrolada de canais de comunicação entre as lagoas e o mar pode alterar o regime hidrodinâmico, intensificando correntes e a erosão em pontos específicos.
    • Drenagem e dragagem: A alteração dos cursos d'água afluentes ou a dragagem de sedimentos no leito das lagoas pode desequilibrar o balanço sedimentar e intensificar a erosão das margens.

Impactos da Erosão

A erosão nas margens lagunares do Rio de Janeiro gera diversos impactos:

  • Ambientais:

    • Perda de habitat: A destruição das margens afeta a flora e fauna local, incluindo espécies aquáticas e terrestres dependentes desses ecossistemas.
    • Aumento da turbidez da água: A erosão mobiliza sedimentos, o que pode levar ao assoreamento da lagoa e à diminuição da penetração de luz, prejudicando a vida aquática.
    • Alteração da qualidade da água: A erosão pode liberar nutrientes e poluentes presentes no solo das margens, contribuindo para a eutrofização e a proliferação de algas nocivas.
    • Perda de áreas de lazer e turismo: A degradação das margens diminui o potencial recreativo e turístico das lagoas.
  • Socioeconômicos:

    • Danos à infraestrutura: A erosão ameaça construções, estradas e outras estruturas localizadas nas proximidades das lagoas, gerando prejuízos econômicos.
    • Desvalorização imobiliária: Áreas costeiras afetadas pela erosão podem ter seus imóveis desvalorizados.
    • Impacto na pesca e subsistência: A degradação do ambiente lagunar pode afetar a pesca e outras atividades econômicas ligadas à lagoa, prejudicando comunidades locais.

Medidas de Controle e Prevenção

Para mitigar a erosão no flanco lagunar, são necessárias ações integradas e um planejamento adequado, incluindo:

  • Zoneamento e planejamento urbano: Implementar faixas de não edificação (setback lines) e regulamentar a ocupação das áreas costeiras, evitando construções muito próximas às margens das lagoas.
  • Recuperação e revegetação de margens: Plantar espécies nativas de restinga e manguezal para estabilizar o solo e restaurar a proteção natural contra a erosão.
  • Controle de efluentes: Melhorar o saneamento básico e o tratamento de esgoto para reduzir a descarga de poluentes nas lagoas.
  • Manejo de bacias hidrográficas: Implementar práticas de conservação do solo e da água nas bacias de drenagem dos rios que alimentam as lagoas, reduzindo o aporte de sedimentos e poluentes.
  • Monitoramento contínuo: Realizar estudos e monitoramento da linha de costa e dos processos erosivos para subsidiar a tomada de decisões e avaliar a eficácia das medidas implementadas.
  • Obras de engenharia costeira (quando estritamente necessárias): Em casos específicos, obras como muros de contenção ou aterros podem ser consideradas, mas devem ser avaliadas criteriosamente devido aos seus potenciais impactos ambientais e custos. A preferência é por soluções baseadas na natureza.
  • Educação ambiental: Conscientizar a população sobre a importância da conservação das lagoas e os impactos da erosão.

A gestão integrada da zona costeira, envolvendo diferentes setores da sociedade e níveis de governo, é fundamental para enfrentar o desafio da erosão nas lagoas costeiras do Rio de Janeiro.

foto do perfil

Nenhum comentário: